A nossa espécie foi ensinada a buscar por segurança e conforto para que pudesse sobreviver e se propagar, mas, hoje, mesmo vivendo em uma realidade diferente, o ser humano mantém essa programação biológica.
E é por isso que, quando chega o momento de fazer algo novo, seja abrir um negócio, iniciar um hábito, mudar de emprego, até mesmo começar a escrever uma newsletter, existe um grande movimento para que você procrastine, desista ou analise minuciosamente os possíveis riscos e consequências que isso te trará para que, no fim, você se sinta totalmente pronta(o).
Definitivamente, essa não é a maneira mais saudável de lidar com o desconforto que o novo traz.
A busca pela zona de conforto é uma grande distorção de percepção, porque, na realidade, ela não é nada confortável, ela é apenas conhecida, simplesmente pelo fato de que tudo o que você já viveu e repetiu torna-se conhecido para o seu campo, proporcionando uma sensação de segurança maior do que fazer algo novo.
Mas, afinal, você não está aqui para evoluir e se superar? E sinto lhe informar: você só conseguirá isso através das experiências novas que se propor a fazer.
O descontentamento que você sente hoje é sua imaginação te provocando, é a prova de que ela não desistiu de você, está ali te lembrando e tentando chamar a sua atenção dizendo “não é isso”. O descontentamento está a seu favor, querendo te mostrar que no fundo você sabe que tem algo além para ser vivido.
O fato é que começar algo novo pode ser desafiador, quando nos propomos a fazer algo diferente e sair dessa “zona de conforto”, as resistências internas e externas já aparecem. Conforme Steven Pressfield traz em seu livro “Como Superar Seus Limites Internos: Aprenda a Vencer Seus Bloqueios e Suas Batalhas Interiores de Criatividade”:
“A maioria de nós tem duas vidas: a que vivemos e a que permanece dentro de nós não vivida. Entre as duas, interpõe-se a resistência”.
A vida não vivida é aquele referente aos nossos sonhos, aquela que não sabemos se vale a pena, se vai acontecer, mas que não desiste de nós, está sempre ali no nosso pensamento, nos instigando ao movimento (aquela sensação de descontentamento, lembra?!).
A resistência é o elemento que não nos deixa crescer. O mais difícil é vencer a sua inércia, a conversa sabotadora da sua mente, os adiamentos, as desculpas que você mesmo inventa. Quando você começa a pensar em fazer alguma coisa nova, sua mente vem com aquela história “amanhã eu começo”, “hoje estou cansada”, “já tenho outro compromisso”, “agora não é o melhor momento”.
Começar é um ato de coragem.
E seremos corajosas(os) o bastante para destrancar nossos sonhos? Seremos corajosas(os) o bastante para viver a vida não vivida?
Estar pronta(o) é uma ilusão, somente a coragem e a vontade de viver é que vai nos deixar pronta(o).
Neste momento, você deve imaginar que estou falando de coragem, zona de conforto e resistência porque precisei lidar com tudo isso para começar a escrever aqui… e a resposta é sim, e não.
Sim, porque, certamente, precisei lidar com todos esses elementos para abrir este espaço de escrita.
E não, já que quando penso em coragem, a memória que vem à mente é outra…
Sente. Pegue um café (se estiver lendo depois das 15h, pegue um chá). E continue…
No começo deste ano, li um livro que me fez refletir sobre o significado de coragem, costumamos dizer que “coragem é ter medo e fazer mesmo assim”. Mas será mesmo?
Percebi que, na verdade, coragem é viver de dentro para fora, coragem é, em todos os momentos de incertezas, olhar para dentro e se conectar com o seu coração para sentir qual é o caminho, qual é o próximo passo a ser dado e expressar o que você deseja.
Coragem não é perguntar para os outros o que é coragem. Coragem é decidir por você mesma(o).
Foi essa coragem que precisei acessar em um momento importante da minha jornada.
Em 2023, movida por aquele descontentamento, comecei a reavaliar a minha vida e refletir sobre a possibilidade de encerrar meu ciclo no direito, parar de estudar para concurso público e seguir o chamado do meu coração.
O que eu mais ouvi: “O que??? Vai abandonar o direito??? Vai desistir do concurso público?!?! Como assim? Vai fazer o que?”
Eu estava infeliz estudando para concurso público, a sensação era de estar nadando contra a maré e a qualquer momento poderia me afogar, mas eu ouvia que esse processo era assim mesmo e depois que passasse era só felicidade… Estabilidade, segurança financeira, horários flexíveis… O que mais eu poderia querer? Por que desistir de tudo isso, Beatriz?
Curioso que eu tentava me imaginar concursada e feliz, mas não conseguia, então, imagina só, continuar estudando, passar no concurso público e trabalhar com algo que não fazia sentido pra mim? (Caos total)
Era uma decisão que só eu poderia tomar e quando continuava negando o caminho do meu coração, mais sintomas - físicos e emocionais - eu sentia… tristeza, raiva, frustração, ansiedade, dor de estômago.
Foi então que eu precisei de coragem para fazer o que minha intuição pedia (na verdade, gritava) e seguir o caminho que o coração estava guiando.
Compartilhei tudo isso para dizer que temos, então, a definição de coragem atualizada com sucesso, coragem é fazer o que seu coração mandar.
É preciso de uma coragem ímpar para honrar quem viemos ser quando todos ao redor nos dizem para ser e fazer diferente. É mais fácil ceder, e fazemos isso muitas vezes para pertencer, mas a coragem exige lealdade a si mesma(o).
“Se você continuar vivendo com confiança, todo o resto da sua vida vai acontecer exatamente como deveria. Nem sempre vai ser confortável. Algumas pessoas vão reconhecer essa coragem, outras, não. Algumas vão compreender você e gostar de você, outras não. Mas a forma como os outros respondem à sua confiança não interessa. O que interessa é permanecer leal a si mesma. Assim você sempre vai saber que quem gosta de você, que quem ama você, é quem de fato está ao seu lado. Se você nunca precisar esconder ou agir de algum modo a atraí-las para a sua vida, nunca vai precisar fazer o mesmo para mantê-las”.
Hoje, escrevo com um sorriso no rosto, porque minha alma queria muito mais que estabilidade, segurança financeira, horários flexíveis… (Deixando claro que o concurso público pode ser maravilhoso e realizador para algumas pessoas, mas não era o meu caso)
Só que a coragem só é ativada quando temos ação, não importa o que as pessoas vão pensar e falar sobre a sua decisão ou sobre os seus sonhos, se algo pulsa no seu coração, ele pode ser manifestado. Por isso, torne-se um realizador e não só um pensador.
Tive que sair do mundo das ideias e partir para ação, e com muito orgulho e gratidão digo que agi como uma realizadora, encerrei o ciclo dos estudos para concurso público e segui o chamado do meu coração há dois anos atrás para atuar como Terapeuta Energética.
Trouxe essa reflexão aqui para te perguntar:
O que sua alma quer e você não está vivendo?
Desejo que essa newsletter possa te (re)lembrar de ter coragem para ouvir, seguir e agir com seu coração!
Com amor e presença,
Bia.